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segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Para que serve a história?



Penso que todo professor de história ou pelo menos a maioria, deve um dia ter se deparado com esta questão em sala de aula: mas afinal, para quê serve a história?

Analisando a historiografia, percebemos que todo documento, toda e qualquer fonte, tudo que é escolhido como objeto histórico possui historicidade, uma trajetória, isto é, uma história que é dialética. Os próprios conceitos o possuem. Neste sentido a história enquanto uma disciplina e posteriormente enquanto uma ciência também possui historicidade que retrata diferentes momentos nos quais ela serviu à diferentes objetivos. Portanto, quando se pergunta “para que serve a História?”, também se demanda sua trajetória para compreender o presente da ciência histórica.

A História já contribuiu para a consolidação dos Estados-nação por exemplo. Na França com a República e mesmo no Brasil quando do período do IHGB (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro) que foi responsável por escrever a história do Brasil e “dar uma cara” a este novo país.

Com as mudanças temporais, vieram novos contextos sociais, econômicos, políticos, culturais, em suam, históricos; que se apresentam paulatinamente. Destas mudanças, também a historiografia se vê em diálogo e percebendo, aos poucos, mudanças, no que se entende por “como fazer a história” e por aí também temos o como escrever a história?

Mudanças estas como as metodológicas observadas da Escola metódica francesa representada sobretudo por Langlois e Seignobos para a École des Annales, preconizada por Febvre e Bloch.

É a partir da primeira geração dos Annales que observamos uma tentativa de se ampliar o que era tido como documento histórico e consequentemente ampliar ao hall de fontes a que os historiadores poderiam se debruçar. Bloch mesmo opta por manter la méthode critique (método crítico) da Escola metódica porém afirmando que tudo pode vir a ser uma fonte.

Este mesmo autor dirá que se fôssemos antiquários amaríamos coisas velhas, mas como somos historiadores, amamos a vida. Somos nós que damos vida à história. Neste sentido, a Historia hoje só tem serventia pelas mãos dos/as historiadores/as. Ela é uma responsabilidade para com o presente, ela serve à reflexão.

Por fim, nós enquanto historiadores precisamos sempre refletir não somente em para quê fazemos historia mas também para quem. A quem serve a história que produzimos? O que ela legitima?

Segundo Caio Boshi (2007) nós, enquanto seres humanos somos também sujeitos, o que significa portanto que o curso da História também nos modifica.

Acredito que não podemos ter uma visão romântica da história, de pensa-la enquanto solução para os problemas do mundo, e nem muito menos apolítica. Ela nos cobra uma posição, o que inclui pensar em para quem estamos contribuindo com a História (ciência) que fazemos (escrevemos, contamos, publicamos, ensinamos)?

Certeau (1982) nos atenta para a responsabilidade que a escrita da história carrega e seu primeiro questionamento em A escrita da história é justamente este: “o que fabrica o historiador quando ‘faz história’? Para quem trabalha? O que produz?” (p. 65).

Ele mostra, desta forma como a escrita parte de um lugar social e tem relação estreita com o presente e com a memória: o poder da escrita, para Certeau, dá vida aos mortos à medida que possibilita à nós narrarmos eventos passados.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Três músicas sobre a ditadura militar no Brasil


Confira a lista que fizemos sobre a ditadura militar no Brasil!

3. É proibido proibir - Caetano Veloso 


A música de Caetano Veloso “É proibido proibir”, lançada em 1968, já começa em seu nome com uma afronta ao governo. Ela fala sobre grandes mudanças que estavam acontecendo na década de 60.

2. Jorge Maravilha/Fala sobre Julinho de Adelaide - Chico Buarque


Chico Buarque foi um dos compositores mais odiados pelo governo militar, tanto que várias de suas músicas foram censuradas e ele teve até que criar um pseudônimo para lançar algumas músicas, incluindo essa. A música em si não parece ser uma afronta, porém quando ele diz “você não gosta de mim, mas sua filha gosta”, não se trata da relação dele com o seu sogro, mas é uma alusão ao General Geisel, que odiava Chico Buarque, enquanto sua filha gostava do trabalho dele.

1. Mosca na sopa - Raul Seixas


Essa música lançada em 1973 usa da metáfora para atacar a ditadura militar, onde “a sopa” seria o governo opressor e “a mosca” seria o povo, aquele que incomoda, que perturba o sono, que não pode ser eliminado, pois sempre que houver regimes opressores, haverá alguém para se levantar contra isso.

Eu poderia listar várias músicas desse período (com a mais conhecida “Pra não dizer que não falei das flores de Geraldo Vandré) que apesar de tudo, foi um período muito enriquecedor culturalmente e poderia ter sido ainda mais se não fosse a forte censura com que sofriam. Espero que gostem.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

5 filmes sobre a história do Brasil


Mesmo que os filmes de ficção não seja inteiramente fiéis à história real dos acontecimentos, eles são importantes para entendermos como cada época enxergou determinado fato histórico, como cada momento narrou a história do Brasil. Pensando nisso, fizemos uma lista de 5 filmes sobre a história do nosso país: cada um, contando à sua maneira, a história da nossa terra.


5. Uma história de amor e de fúria (2013)


“Uma história de amor e de fúria” é um filme de animação brasileiro que retrata o amor entre um herói imortal e Janaína, a mulher por quem ele é apaixonado há 600 anos. Como pano de fundo do romance, o longa ressalta quatro fases da história do Brasil: a colonização, a escravidão, o Regime Militar e o futuro, em 2096, quando haverá guerra por causa da escassez da água.

4. Quanto vale ou é por quilo? (2005)


Esse filme fala sobre o nosso tempo presente fazendo uma analogia entre a exploração da miséria atual e o antigo comércio de escravos. No século XVII, um capitão-do-mato captura uma escrava fugitiva que está grávida. Após entrega-la ao seu dono e receber sua recompensa, a escrava aborta o filho que espera. Nos dias atuais, Candinho, um jovem desempregado, cuja esposa está grávida, torna-se matador de aluguel para conseguir dinheiro para sobreviver. (Tem completo no YouTube).

3. Caramuru – A invenção do Brasil (2001)


Em 1500, Diogo, um jovem pintor português, é enganado e acaba sendo deportado no navio comandado por Vasco de Athayde. Mas a caravela acaba naufragando e, por sorte, Diogo chega ao litoral brasileiro, onde vive um triângulo amoroso entre duas índias: Paraguaçu e Moema. (Esse também tá completo no Youtube)

2. Olga (2004)


Olga Benário é uma militante comunista que é perseguida pela política e foge para Moscou, onde faz treinamento militar. Lá, ela é encarregada de acompanhar Luís Carlos Preste ao Brasil para liderar a Intentona Comunista de 1935, quando o Brasil estava sob o governo de Getúlio Vargas. Mas, na viagem, os dois se apaixonam. E, a partir daí, os dois viveram um caso amoroso de encontros e desencontros até que um deles será deportado para a Alemanha nazista.

1. Zuzu Angel (2006)


Brasil, anos 60. A ditadura militar faz o país mergulhar em um dos momentos mais obscuros de sua história. Alheia a tudo isso, Zuzu Angel, uma estilista de moda, fica cada vez mais famosa no Brasil e no exterior. O desfile da sua coleção em Nova York consolidou sua carreira que estava em ascensão. Paralelamente, seu filho, Stuart, ingressa na luta armada, que combatia as arbitrariedades dos militares. (Esse também tá completo no YouTube!!! Amo).


quarta-feira, 2 de setembro de 2015

07 de setembro


A Independência do Brasil é celebrada no dia 07 de setembro, dia que o então príncipe regente D. Pedro, em 1822 , declarou a ruptura do país com Portugal, adquirindo então autonomia política perante a metrópole.

No dia 09 de janeiro de 1822, D. Pedro recebeu uma carta da corte de Lisboa que exigia seu retorno à Portugal, visto que tinham interesse em recolonizar o país e a estadia de D. Pedro no Brasil era um empecilho. Contudo, D. Pedro negou que voltaria proferindo a famosa frase: "Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico." O episódio ficou conhecido como Dia do Fico, e após o ocorrido D. Pedro tomou várias medidas em prol da independência, como a Assembleia Constituinte que enviava de volta à metrópole as tropas portuguesas, e exigia a ordem de “cumpra-se” de D. Pedro de qualquer regra imposta pela Coroa Portuguesa.

Enquanto viajava de Santos para São Paulo, no dia 07 de setembro de 1822, D. Pedro recebeu outra carta de Portugal que exigia que ele voltasse à Europa imediatamente e anulava a Assembleia Constituinte, enquanto estava nas proximidades do riacho do Ipiranga, ao que levantou sua espada e supostamente teria gritado “Independência ou morte!”.

O quadro de Pedro Américo (imagem acima) ilustra o momento em que D. Pedro teria proclamado a independência. Contudo, a pintura não é cópia fiel de como a independência ocorreu, por vários motivos, como por exemplo, a data em que o quadro foi pintado, 1888, 66 anos após a proclamação, sendo que o pintor sequer era nascido na data da independência, e provavelmente D. Pedro não estaria a cavalo, mas montado em um jegue, que era o animal mais utilizado para transporte na época. Portanto, o quadro de Pedro Américo não demonstra o que verdadeiramente aconteceu, mas é uma visão da Independência do Brasil que valoriza seus atores como heróis.